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🎄 The Office e os Limites da Boa Intenção: o que a Comunicação Não Violenta nos Ensina

  • Foto do escritor: Irhis Consultoria
    Irhis Consultoria
  • 30 de mai.
  • 3 min de leitura

No episódio 11 da quinta temporada de The Office, “Moroccan Christmas”, assistimos a mais uma tentativa caótica de Michael Scott de “ajudar” um funcionário – desta vez, Meredith, visivelmente alcoolizada durante a festa de fim de ano na empresa. A tentativa de intervenção, feita sem escuta ou consentimento, termina em conflito e constrangimento. Mas por trás do humor desconfortável, esse episódio oferece um rico material para pensar a Comunicação Não Violenta (CNV) e seus desafios no cotidiano corporativo.



1. A cena: boas intenções e más execuções

Michael acredita estar fazendo o certo: ele quer ajudar Meredith, que, segundo ele, tem um problema com o álcool. No entanto, em vez de ouvir o que Meredith sente ou precisa, ele parte para uma ação unilateral: tenta forçá-la a entrar numa clínica de reabilitação sem o consentimento dela.

Por mais cômico e absurdo que seja, esse gesto revela algo real: a dificuldade de diferenciar ajuda verdadeira de imposição disfarçada de cuidado. É aí que a CNV (Comunicação não Violenta) entra como ferramenta crítica.

2. Quando o cuidado atropela

A grande questão desse episódio é que Michael confunde cuidado com controle. Ele vê a Meredith bêbada e acha que precisa resolver aquilo ali, do jeito dele. Mas não escuta, não pergunta o que ela sente, o que precisa. Ele interpreta, julga e age, achando que está fazendo o bem. E isso é exatamente o oposto do que propõe uma comunicação baseada em empatia e escuta.

Por mais exagerado que seja, The Office mostra situações muito reais: gente tentando acertar e errando feio, por falta de escuta e empatia. E é aí que a CNV entra, não como fórmula perfeita, mas como ferramenta pra reconhecer que todo mundo tem sentimentos, necessidades e voz. E que ajudar, de verdade, é caminhar junto, não puxar o outro pelo braço.



3. E o Toby? O RH da empresa

No meio do caos da festa marroquina, o Toby está lá, como sempre, meio apagado, tentando evitar conflito. Ele percebe o absurdo da situação: Michael tentando empurrar Meredith à força pra uma reabilitação; e até dá um toque, tenta interromper. Mas o problema é que o Michael ignora tudo isso. Ele simplesmente impõe uma solução que ele acha melhor.

A posição do Toby ali é bem simbólica: ele representa o RH, ou melhor, aquele tipo de RH que vê tudo, mas não se posiciona com clareza. E justamente por isso, perde a chance de ser mediador.




4. O que Toby poderia fazer?

Mas e se o Toby tivesse usado os quatro pilares da Comunicação Não Violenta nessa cena? Ele poderia ter atuado de forma mais firme, sem ser agressivo. Vamos imaginar como isso seria:

1. Observação (sem julgamento)

O que ele fez: Ficou olhando meio desconfortável, sem intervir com clareza:

O que poderia fazer com CNV: "Michael, tô vendo que você está tentando ajudar a Meredith, mas ela parece estar se sentindo desrespeitada nesse momento.”

→ Aqui, o Toby estaria trazendo um fato concreto, sem julgar nem atacar, apenas mostrando o que está vendo.

2. Sentimento (nomear o que está vivo nele)

O que ele fez: Guardou o que sentia. A expressão dele mostra desconforto, mas ele não verbaliza nada.

O que poderia fazer com CNV:“Eu tô me sentindo desconfortável e um pouco preocupado com o que está acontecendo agora.”

→ Isso humaniza o Toby e cria um espaço de conexão. Mostra que ele está ali, presente, afetado pela situação.

3. Necessidade (dizer o que precisa estar sendo cuidado)

O que ele fez: Não comunicou nenhuma necessidade. De novo, ficou no canto dele.

O que poderia fazer com CNV:“Como RH, eu preciso garantir que todo mundo aqui seja tratado com respeito e tenha escolha sobre suas decisões.”

→ Isso traz clareza sobre o que está em jogo pra ele — e por que ele está intervindo.

4. Pedido (claro, possível, sem exigência)

O que ele fez: Tentou um “Michael, talvez não seja o caso…” e foi ignorado.

O que poderia fazer com CNV:“Você toparia parar por um instante e conversar comigo sobre como podemos lidar de acordo com as necessidades de Meredith?”

→ Um pedido direto, mas não autoritário. Dá ao Michael a chance de refletir e escolher, sem desautorizar ninguém.



5. Moral da história

Toby tinha tudo pra ser uma ponte de escuta e cuidado no meio do caos, mas faltou presença. A CNV poderia ter sido uma forma de ele se posicionar com empatia e firmeza ao mesmo tempo, criando um momento de pausa numa cena de imposição.

A lição que fica é: não é preciso gritar pra interromper uma violência — mas é preciso coragem pra se comunicar com clareza. CNV é justamente sobre isso.

 
 
 

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